A comunidade de São Pedro, em Guarani de Goiás, recebeu nesta terça-feira (12) uma importante ação do projeto Biodiversidade e Cadeias Produtivas: Restauração de Áreas Degradadas e Sustentabilidade Socioeconômica no Cerrado Goiano (Bioca), organizada pelo Movimento Camponês Popular (MCP) e pela Associação Nacional para o Fortalecimento da Agrobiodiversidade (Agrobio). O encontro teve como objetivo apresentar o conceito e a importância dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) como caminho para garantir a segurança alimentar e nutricional, proteger o território e gerar renda de forma sustentável para os agricultores familiares da região.
Na prática, um SAF combina o plantio de árvores nativas do Cerrado (como pequi, baru e cagaita) com culturas agrícolas de ciclo curto (mandioca, feijão, milho, hortaliças) e árvores frutíferas no mesmo espaço. “É como recriar a lógica da natureza. As árvores maiores protegem o solo e as plantas menores do sol excessivo, suas folhas viram adubo e suas raízes ajudam a água da chuva a infiltrar no solo, recarregando as nascentes”, explicou o coordenador-geral do projeto, Marcelo Mendonça.
O debate lançou um alerta sobre os riscos ambientais que ameaçam o território. Estudos e projeções indicam que a região pode enfrentar escassez de água em cerca de 30 anos. “Nesse cenário os SAFs surgem como uma alternativa para a resiliência da comunidade. Esses sistemas são capazes de restaurar áreas degradadas, proteger nascentes, conservar a fauna e a flora, e, simultaneamente, fortalecer a produção de alimentos e a economia local”, pontuou Marcelo Mendonça.
Durante a apresentação, os participantes puderam aprofundar seus conhecimentos sobre o funcionamento, o manejo e as técnicas de cultivo em SAFs. O encontro abriu um espaço para diálogo e troca de saberes, onde foram discutidas parcerias e estratégias para a implantação dos sistemas na comunidade.
Como um dos principais encaminhamentos, a Prefeitura de Guarani, por meio da Secretaria de Agricultura, comprometeu-se a apoiar os agricultores na emissão do Cadastro da Agricultura Familiar (CAF). A medida visa agilizar processos e ampliar o acesso a programas de comercialização, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), fortalecendo os canais de venda da produção local.
Bioca
A iniciativa faz parte do Projeto Bioca, executado pela Agrobio. O projeto tem a meta de restaurar 200 hectares de áreas degradadas com práticas agroecológicas e sistemas produtivos sustentáveis. Além da restauração, o Bioca prevê a instalação de agroindústrias para agregar valor aos produtos da agricultura familiar, beneficiando diretamente comunidades quilombolas e assentamentos rurais no Nordeste de Goiás.
O Bioca é financiado pela Petrobras e pelo BNDES, através do edital Corredores de Biodiversidade – Floresta Viva, com gestão do FUNBIO. A ação se fortalece por uma ampla rede de parceiros, que inclui a Associação Quilombola Kalunga (AQK), AEPAGO, UFG, UFCAT, Embrapa Cerrados, Embrapa Arroz e Feijão, Tribunal de Justiça de Goiás, Ministério Público do Trabalho/GO, MDA/GO, MDA/Seteq, MDS e prefeituras locais, consolidando um esforço coletivo em defesa do Cerrado e pela valorização das comunidades que o habitam.










